Para você, que vota
Clotilde Tavares | 2 de outubro de 2010
Você, caro leitor, que vota e que acredita na democracia, acorde neste domingo certo de que vai exercer um dos direitos mais importantes da sua cidadania. Nas democracias, o voto tem peso igual para todos os cidadãos, e tanto faz ser um pedreiro como um dono de banco, tanto faz ser uma empregada doméstica como uma dondoca ataviada em griffes caríssimas. O voto vale a mesma coisa para todos e, pelo menos nessa hora, todos nós somos realmente iguais perante a lei.
Durante todo o período de campanha eleitoral você conheceu os candidatos e, a acreditar nas pesquisas, já deve ter se decidido. De qualquer maneira, é bom você se lembrar de que o voto é uma procuração que você passa para alguém decidir no seu lugar.
Imagine que você vai viajar, vai passar quatro anos fora, e que durante esse tempo você não vai poder decidir sobre questões que são muito importantes para você, como a condução dos seus negócios, a educação dos seus filhos e a saúde da sua família. Então você vai escolher uma pessoa, que deve ser alguém muito decente, muito amigo e absolutamente confiável para resolver todos esses problemas e tomar todas essas decisões enquanto você está fora.
Esse alguém deve ser uma pessoa cujos ideais, crenças e valores sejam semelhantes aos seus. Deve ser uma pessoa que pense como você, cuja alma tenha sintonia com a sua, e que diante de um imprevisto, ou de uma situação fora do comum, faça o que você faria naquela emergência. Se não for assim, se você não tiver essa confiança, você não passa a procuração porque não tem a certeza de que a tal pessoa vai tomar as atitudes corretas quando necessário.
Pois o voto é a mesma coisa. Durante um certo período de tempo, aquela pessoa em quem você votou tem uma procuração passada por você para tomar conta da cidade ou para propor medidas de melhoria de vida que vão atingir diretamente você e sua família.
Somente com base na confiança do eleitor no seu candidato é que essa escolha deve ser feita. O mínimo que o candidato, uma vez eleito, pode fazer, é mostrar-se digno dessa confiança, já que ele foi nomeado por você seu “bastante procurador”, como se diz nos documentos oficiais.
Então, boa sorte e boas urnas, para você e para todos nós.
A conclusão lógica é essa mesma; só que eu não digo – deixo que o próprio leitor, como você, chegue a ela. Eu nao acredito no sistema, e por isso voto nulo há vinte anos. Mas não faço apologia do voto nulo, não quero convencer ninguém a votar nulo e disso tudo eu só espero uma coisa bem simples mas impossível: que os candidatos eleitos hoje tenham vergonha na cara.
[…] dia vi o texto que Clô Tavares (escritora paraibana, altamente recomendada!) escreveu, "Para você que vota" . Transcrevo aqui um trecho dele, onde a figura usada por ela é perfeita: Imagine que […]
Clô:
Bem interessante o seu post.
No entanto se eu realmente decidisse levá-lo em consideração, seria obrigado a votar EM BRANCO , pois nenhum candidato, nenhum mesmo, me inspira tanta confiança e eu tenho tanta afinidade, para que eu fosse capaz de nomeá-lo meu bastante procurador por um prazo de 4 anos e sem possibilidade de revogar esta procuração se ele não andasse direito.
Carlos Mascarenhas – Ilhéus-Ba.
Maravilhoso por ser simples e lúcido…
Adorei!
Abraços…
Importantes passos para um plano de treino eficiente….
Eu achei seu artigo/post interessante então adicionei um Trackback para o meu blog :)…